Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

5/26/2005

Sleeping (not so) tight

Lu está: ainda a cair de sono

Lá se foi um belo feriado de sol em que a Lu não saiu de casa. O meu irmão e a minha prima decidiram fazer um "double date" - juntamente com os seus respectivos, claro - então os dois casais vieram deixar a sua prol cá em casa, para irem ao cinema. E cá ficaram o sobrinho e a priminha.
Tivesse eu com quem projectar a minha própria prol e já não seria tanto o primeiro recurso a ponderar nestes casos...
Não bem sei porquê, mas às vezes a minha mente é trespassada pela possibilidade (remota ou não) de ser sempre a tia solteirona. Provavelmente é descabido, mas isto são resquícios de uma catrefada de sonhos que me povoaram o sono durante o dia de hoje...
Com ou sem os bebés cá em casa, com ou sem o sol que arrastou os meus amigos para as praias, o dia de hoje só me deu para isto: dormitar.

Fora de mim

Lu está: perfeita

A Lu foi ao Teatro com amigos, ver um grupo de Teatro académico. Foi engraçado. Uma peça experimental, alternativa. Um texto intencionalmente a roçar o absurdo, um pouco ao jeito de Ionesco. A coreografia, por coincidência, feita por uma ex-colega que já não lhe fala há canos. Uma encenação que deixou a desejar, que não se adaptou totalmente ao ambiente que lhe foi imposto e que consequentemente perdeu uma parte da dinâmica que poderia ter. Mas foi giro. No final, foram a um bar onde se demoraram a dissertar sobre filosofia clássica; Caos e criação; deuses, heróis e inspirados; hipócritas divinos e cínicos humanos... Quando perderam o seu fio-de-ariadne e aumentaram o volume das vozes é que os tomaram por loucos. É que, antes disso, os outros clientes ainda não o tinham constatado.

Citação do dia: «Não será a loucura um estado avançado da perfeição?»

5/23/2005

Lady in Red

Lu está: já sem roupa (vermelha)

Nunca pensei sentir-me tão ridícula e pirosa vestida de vermelho. Juro que não foi de propósito, mas hoje lembrei-me de ir trabalhar com uma camisola listada de vermelho e branco, brincos vermelhos e brancos e pochette vermelha e branca. Quando saí à rua, e andei pela cidade, estranhei o facto de tanta gente, homens e mulheres, ter escolhido a mesma côr que eu, sendo que nem sequer é a côr mais in esta estação. Quando reparei nos cachecóis é que me manquei... "Oh, Lu, acordaste tão atarantada que nem sequer te lembraste de que o Benfica é campeão".
Se me tivesse lembrado, não me teria vestido daquela forma. Detesto usar o que toda a gente usa, andar igual aos outros, feita cordeiro no rebanho... a não ser que seja uma festa temática! Mas acho que uma festa com o tema "Benfica Campeão" por toda a cidade é ridículo e uma piroseira. Enfim, o futebol há de reinar sempre nas preferências recreativas dos portugueses.
Como já supunha, dormi muito pouco na noite passada. Em compensação, sonhei imenso, com imensas coisas e imensa gente. Já tiveram daqueles noites em que parece que toda a gente parece querer assolar o nosso sono? Em que somos invadidos por sombras, não dos mortos, mas sim dos vivos, da sua memória, da sua presença e da sua ausência? Acho estes "espectros vivos" bastante mais sinistros do que os dos finados. Os sortilégios que eles trazem são bem piores do que os dos que já partiram. É que estes são reais e, mais tarde ou mais cedo, hão de amanhecer mesmo à nossa frente. E então temos de enfrentá-los.
Música do momento: "Red Alert" - Basement Jaxx

5/22/2005

Desconexão

Lu está: com pouca disposição para festas

As túnicas (ou tentativas de túnicas) que eu e o meu pai fizémos ficaram porreiras. Para quem não tem formação nenhuma em design ou costura, está um trabalho até bastante bom. Já lhe sugeri que abríssemos um atelier de haute couture, mas o meu pai não está a pensar em deixar a advocacia por enquanto... O meu velho pai é mesmo um alho. Tem jeito para tudo. Quando for "grande", quero um marido igual a ele...
A actuação correu bem. Participaram, no mesmo espectáculo, uns grupos duvidosos. Havia um de "Dança Jazz"... Dança Jazz my ass; se aquilo era jazz, eu sou a Martha Graham. Não vi lá um pingo de técnica, mas o pessoal faz umas aulas de aeróbica e depois quer armar-se em artista e arranjar uns nomes pomposos para as tretas que fazem, porque "é tudo a mesma coisa", dizem elas. A estupidez deveria ser um crime severamente punido.
No final, assisti a uma cena horrível. Um menino, jogou-se para a estrada a correr e foi atropelado por um carro, mesmo à minha frente. Ficou lá estendido, com a tíbia fracturada, como que a sair da perna. Estava paralizado, a gritar de dor e de susto. Não tem mais do que 6 anos, o pobrezinho. E eu ali impotente, sem poder fazer nada; ninguém conseguia acalmá-lo; nem mesmo a mãe, quando chegou.
Não suporto ver crianças em sofrimento. Não suporto pais que não se responsabilizam quando elas ainda não têm idade para o fazerem por si próprias. Não suporto, principalmente, o sentimento de impotência nestas situações.
Não suporto... Olhem, não suporto vira-casacas, hipócritas, pessoas dissimuladas. Não suporto faltas de honestidade e não suporto que os bons sentimentos que delego nos outros (principalmente a confiança) sejam suplantados por coisas mesquinhas. Como o medo e a vergonha, por exemplo. Não suporto pessoas voláteis, superficiais e que não sabem o que querem.
Isto não tem nada a ver com nada. Só com o meu estado de estado de espírito neste momento e com himalaias de coisas que me estão a fazer a mostarda chegar ao nariz. Se eu espirro...
Gente, tenham atenção nas vossas crianças. Não as deixem a brincar ao Deus-dará quando ainda não têm consciência do perigo.
O Benfica lá tirou a barriga de misérias e sagrou-se campeão. Finalmente. Depois de 11 anos de jejum, esta conquista tem certamente um sabor especial. Parabéns ao Glorioso e a todos os que o apoiam.
Hoje, como os benfiquistas eufóricos, também vou dormir muito pouco, mas por outros motivos.
E depois da posta mais desconexa dos últimos tempos, vou desconectar-me da internet.

Música do momento: "Why'd you lie to me" - Anastacia (só porque a ouvi há bocado e é das poucas dessa moça que tolero ouvir)

Homens

Lu está: como ontem

Ia eu no carro com o meu irmão e ele estava a falar de uma exibição de artes marciais que houve na minha zona, na qual participou um amigo nosso. Eu, espontaneamente, fiz a observação: "Ah, então o M.C. também está lá..."
O M.C. é o instrutor de karaté que dá aulas no mesmo ginásio onde eu pratico com o meu grupo de Dança. Cruzamo-nos imensas vezes e, vá-se lá saber porquê, eu sou a única do grupo a quem ele sorri e cumprimenta. Nem sei se ele sabe o meu nome, mas é sempre muito simpático. E giro. É um homem bastante interessante. É meio quadrado, por ser muito entroncado para a altura que tem. Mas tem um olhar intenso e um sorriso de derreter qualquer uma. Se calhar foi por isso que falei nele.
Quando o meu irmão me ouviu dizer o nome dele, interrompeu logo:
- Está lá o M.C. ... E então? Que é que tem o M.C.?! Hum?
- Nada. É engraçado. É simpático.
- É engraçado, é simpático, mas que fique por aí, ok?
- Mas que é que eu disse de mal?
- Nada. Também não estou a falar mal dele. Ele é simpático, é verdade. Mas ficamos por aí.
A minha cunhada, que também ia connosco, interveio logo, para picar:
- Que coisa é essa agora? Que é que tu sabes que nós não sabemos?
Depois de uma longa reticência, ele respondeu:
- Ele gosta de depenicar aqui e ali...
- Mas eu só disse que o homem é engraçado. Não disse propriamente que estava interessada nele. Também gosto de lavar as vistas.
Já não sei bem porquê, a minha cunhada passou logo o assunto para o S.:
- Olha, Lu, deixaste fugir o S.P., agora podes resolver-te com este.
- Ah, o S.P. ... Esse sim, era um bom partido para mim. Um homem simples, inteligente, culto, um bom humanista... - respondi eu ironicamente.
O S.P. é um sujeito que esteve a trabalhar na minha zona durante algum tempo, mas que agora está noutra cidade. E que sujeito... O S.P. é realmente tudo o que eu disse. Tinha a vida praticamente definida quando veio para cá, mas quando chegou, foi bombardeado com assédios de todo o tipo (não só de mulheres e não necessariamente sexual). A minha cunhada, por exemplo, passava o tempo tentar arranjar caldinho entre mim e ele. Mas não o via propriamente como o partido certo para mim.
- Oh, o S. P. não é exactamente como o pintam. O S.P. ló ló ló, bec bec bec... - continuou o meu irmão.
Fiquei pasmada com sua atitude. Eu raramente falo de homens com o meu irmão, pelo menos do que me interessam. Aliás, o meu irmão nem sequer convive com os meus namorados. Daí a minha surpresa quando relembrei uma atitude que ele costumava ter quando descobri que o sexo oposto (e o sexo em si... teehee) era algo muito interessante. E isso foi foi há muitos miaus atrás...
O meu irmão é do tipo de homem que sai sempre em defesa dos outros machos. Para ele, todos os homens são uns coitados, uns joguetes nas mãos das mulheres. Elas é que são as cabras insensíveis e as mazonas da fita. Até utiliza personagens de filmes e programas televisivos para ilustra as suas teses. Tem altas discussões com a minha cunhada por causa disso.
- Então tu dizes que os homens são uns cordeirinhos inofensivos sob as garras das lobas-mulheres, mas afinal isso não se aplica quando se trata de homens para tua irmã. Sim senhor, meu marido...
E é verdade. Com a idade que tenho, o meu irmão não perdeu o instinto protector que tem desde quando eu era uma pituca inconsciente. Para ele, nenhum homem é digno da minha pessoa. Eu também nunca gostei muito das suas namoradas. Embirrava com todas e nenhuma passava na minha avaliação. Mas acho que era mais ciúme do que outra coisa. O facto é que hoje em dia sou amicíssima de uma das suas ex e quando percebi que a minha actual cunhada era a mulher certa para tomar conta dele, aceitei-a logo como tal. Talvez ele também mude de atitude quando eu finalmente encontrar a metade que me falta.
Entretanto, vou continuar a rir com as suas expressões de desespero de cada vez que eu manifestar interesse num homem.
Continuo enervada. Era capaz de partir a cara de uma certa pessoa se estivesse à minha frente.
Como não posso, vou ver TV.
Música do momento: "Break Stuff" - Limp Bizkit

5/21/2005

Irada, de vez em quando. Parva, nunca.

Lu está: irada

Esta noite era suposto ir trabalhar, mas o espectáculo foi cancelado porque o meu colega, que é músico, tinha um concerto e não podia faltar. Então resolvi "dar um concerto" também; apareci de supresa para cantar com a minha banda que hoje teve uma pequena actuação num espectáculo em favor de um grupo de voluntários que vai para Moçambique. Foi bom, principalmente porque também pude estar com o meu sobrinho para compensar o dia de ontem. Era um dia importante para mim e infelizmente não pude reunir a família...

O dia foi extenuante. Depois do trabalho, corri Seca e Meca para encontrar o bendito tecido para fazer a túnica da minha colega da Dança, um tecido que tinha de ser igual ao meu. Aproveitei e comprei um pequeno presente para mim... parce que je le vale bien!

Passei o dia todo com um mau estar, uma estranha náusea que se transformou num grande mau humor. Até me custou trabalhar. Só no final da tarde me apercebi da razão. De manhã tive uma conversa em que descobri algo que não me agradou nada. Na altura só me vieram à cabeça a resignação e a cordialidade sempre tão convenientes. Levei algumas horas a reparar naquilo que tinha descoberto e como isso me fazia sentir. Sinto que tenho andado a fazer papel de lorpa ou que alguém o tentou fazer. E isso é algo que me tira do sério.
O Tyler dizia, num post, que a sinceridade é, seguramente, o melhor caminho. Fugir ao diálogo, deixar que as coisas se resolvam per si (sic), não pode ser solução.
Não podia concordar mais. Tenho imensa pena de que haja pessoas que até fazem apologia disso, mas depois parece que não o põem em prática.

Portanto, ya, estou irada. Vou cortar mais uns tecidos, a ver se me acalmo.

5/19/2005

Corte e costura

Lu está: armada em estilista?

Hoje empenhei-me bastante no corte e costura. Refiro-me mesmo a tesoura, alfinetes, máquina de costura - não tenho vagar para tagarelices maldosas. Há muito tempo que não o fazia. Quando eu era mais nova e pensava em ser estilista, perdia imenso tempo com estas coisas. Tenho de fazer umas túnicas para uma actuação do meu grupo de Dança e isso ocupou-me todo o serão. Tive de pedir ajuda ao meu pai e à sua máquina de costura. É que eu costuro muito melhor à mão do que à máquina e o meu velho pai tem jeito para tudo.

Estive a pensar no comentário que o Tyler fez no post anterior. Sim, o J.A. precisa de mim, mas eu também preciso dele. Preciso, pelo menos, de saber que ele está bem. Não suporto ver os meus amigos no estado em que ele está. Só e sem rumo.

Hoje é dia de Malcolm X, um grande líder que lutou pela emancipação da comunidade negra e pelos direitos cívicos nos Estados Unidos da América. Nem sempre o fez da forma mais correcta, nem sempre teve os melhores ideiais, mas no fim, soube ver a humanidade como um corpo uno, feito de membros iguais, mesmo com todas as suas diferenças. Começou por advogar uma supremacia, mas acabou por perceber que a emancipação só faria sentido se fosse para atingir uma igualdade. Acabou por morrer devido à sua luta. E eu admiro todos os que lutam pela igualdade e pela tolerância.

Música do momento: "Holding back the years" - Simply Red
Citação do dia: "Human Rights are something you were born with. Human Rights are your God-given rights. Human Rights are the rights that are recognized by all nations of this Earth". (Malcolm X. 19/05/1925 - 21/02/1965)

Lu está: sem sono

Estava para aqui a jogar Crashdown a ver se me distraía e se o sono chegava, mas nem um nem outro. Não me consigo distrair do que me apoquenta, nem tenho sono.
Ultimamente não me tem apetecido postar nada. Reconheço que ando tão embrulhada com os meus pensamentos que me esqueço do resto. Dos outros. Deixo a vida passar-me um bocado ao lado. E isto já foge completamente ao assunto do blog...
Há bocado estive a falar com a minha prima que vive em Ottawa, Canadá, que me lembrou que não posso ter medo de explorar, de dar um passo em frente. Não tenho como lhe agradecer o facto de ser sempre ela a lembrar-me disso na altura certa. Estou com preguiça de viver e isso é absolutamente inadmissível, pois há muita coisa, muita gente à minha espera.
O J.A. mandou-me um e-mail, após mais de 3 meses sem dar notícias e completamente incontactável. Escreveu apenas duas frases. Está na fossa, está só, não sabe o que fazer da vida e não consegue falar com ninguém. Pediu que não me esquecesse dele. Como se isso alguma vez fosse possível.
A notícia não foge ao que eu temia. As ausências devem-se, geralmente, a fases negativas que ele não consegue partilhar com ninguém. Nunca lhe ensinaram a fazê-lo. Aliás, ensinaram-lhe a fazer o contrário. Para mim, enfrentar uma depressão acompanhada foi um desafio hercúlio. Só me posso limitar a imaginar o que será enfrentá-la completamente só, longe de todos.
Tenho vontade de ir ter com ele. Sei que eu sou o seu único apoio. Sei que ele não tem outros amigos, que sou a única presença que ele tolera minimamente nesta alturas. Porém, também penso no que a Li me diz. Ele prejudica-me. Qualquer esforço que eu faça por ele desgasta-me profundamente, arrasta-me para o breu que ele encerra em si e com que insiste em cobrir-se. A Li disse-me para me afastar dele. Mas não posso. Não consigo. Como é que eu vou abandonar uma pessoa que não tem a quem mais recorrer? Não se faz isso a ninguém. Muito menos a ele. Desde que ele entrou na minha vida que me responsabilizei, gradual e inconscientemente. Responsabilizei-me por todas as pessoas que amo e que fazem sentir bem, que me tornam uma pessoa melhor. O J.A. fará sempre parte da minha vida, quer queira quer não. Tal como a Li, como o P.C., o Cass., a Leia... Porque criámos um laço perene.
O J.A. está a deixar a sua própria vida passar-lhe ao lado e por causa disso eu ando também a observar a minha como num comboio em andamento... Não pode ser, Lu! Vou já a correr para a próxima estação: cama e mais um dia de trabalho.

5/05/2005

Sono

Lu está: acordada

Eu não sou grande adepta de cinema. Não é que não goste, mas há outras formas de arte que me cativam mais.
O meu amigo Tyler é o cinéfilo da blogosfera.
Quem diria que, num filme francês sem banda sonora seria ele e não eu a adormecer!

Ontem passaram o dia a dizer que hoje era uma data especial. Eu dizia que sim, mas não me conseguia lembrar porquê. Só diziam que era porque a data é capicua (05/05/05) e porque era quinta-feira da espiga. Mas eu continuava com a pulga atrás da orelha. Só esta noite, quando o meu irmão me apareceu em casa, estava eu pronta para entrar num banho de imersão e cheia de sono, é que me lembrei. Ensaio da banda. =_=