Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

6/30/2004

Os melhores... MESMO!

O tempo: Verão quente, emoções quentes
Lu está: de olhos postos na final

Ora aí está. Portugal na final do Euro 2004!
Fomos tão bons que todos os golos foram nossos; oferecemos um à Holanda por clemência. Heheh. Vê lá se tens mais cuidado da próxima vez, Jorge Andrade, ou ainda nos metes em sarilhos. :)
A Laranja Mecânica surpreendeu-me. Desapontou-me. Afinal tinha a engrenagem avariada. Esperava muito mais resistência e principalmente muito mais ataque. Não ofereceu o futebol-espectáculo a que nos habituou. Bem espremida, deu uma doce e vitaminada laranjada. :D
Que cena... quem vê a Lu falar assim até pensa que gosta muito de futebol...

Agora é ver o que nos sai na rifa amanhã. Se jogarmos contra a República Checa, temos muito a temer. Os checos estão implacáveis, cheios de brio. Terão os Tugas raça suficiente para defrontá-los?
Por outro lado, a Grécia já nos apanhou de surpresa logo na abertura...
Mas a selecção lusa já irá de olhos bem abertos no caso de repetir o embate. Além disso, com a moral muito mais arrebitada, não será tão difícil vencer os helénicos.
Vamos a ver.

Seja qual for o resultado na final, Portugal já ganhou.

Os melhores!

A UEFA diz que Portugal organizou o melhor Europeu de sempre.

A União Europeia de futebol (UEFA), através do seu director executivo, Lars-Christer Olsson, classificou o Euro2004, que se realiza em Portugal e que hoje cumpre o primeiro jogo das meias-finais, como o melhor de sempre.
Difícil é encontrar pontos em que a organização não esteve muito bem», declarou Lars-Christer Olsson, que é também administrador da Sociedade Euro2004, no final da reunião do comité executivo do organismo que rege o futebol europeu.

in Portugal Diário, 30-06-2004 13:13

Well done, boys! Eu cá também acho que Portugal fez jus à sua reputação de bom anfitrião, com ordem, segurança, infraestruturas, serviços e principalmente hospitalidade.
Só mesmo o futebol para nos incentivar assim tanto! :) Ainda me lembro do logotipo humano no Estádio Nacional, há 5 anos atrás, para promover a realização do Euro em Portugal. Até entrámos no livro dos records.

Em termos de futebol em si, também figuramos entre os melhores. Para já, estamos entre os 4 melhores desta competição - e espero que ao cair da noite estejamos já no pódium. Além disso, já passámos à frente de dois gigantes mundiais, que são a Inglaterra e a França. É dose.
E os nossos rapazes andam a portar-se bem. A selecção abriu o Euro a meio gás, mas é certo que Ricardo Carvalho é considerado o melhor defesa central. E os putos-revelação, Ronaldo, Postiga, têm-se mostrado à altura dos eternos favoritos, Figo, Rui Costa e companhia... que já passaram a fase do apogeu. Afinal, tudo o que sobe desce.
Acima de tudo, a imagem de Ricardo a defender sem luvas e a marcar o golo decisivo ficará gravada na memória de todos os que seguiram o jogo.

É desta. Agora é que vou fazer algo de útil. O trabalho agauarda-me...

Pior do que pimba... só mesmo pumba

Estes dias tenho andado a trabalhar em casa e tenho passado algum tempo com a minha mãe. Tal facto tem-me permitido sondar os típicos programas-da-manhã-destinados-a-domésticas-reformados-e-desocupados...

Dizia um conhecido meu, no outro dia (que giro, fala-se no diabo, aparece-lhe o rabo - acabou de entrar no Messenger!), que "neste país é complicado fazer alguma coisa sem dinheiro e que não dê dinheiro".
E diz ele muito bem.

Já viram o volume de negócios que se fez à volta do Euro? Toda a gente aproveita para ganhar o seu. Até os pimbas. E os pumbas.

Ora os pumbas são esses anónimos de que nunca se ouviu falar (por isso mesmo são anónimos, né? Duh, Lu...) e que de súbito surgem na TV, com cantigas alusivas ao que está na berra e vende bem. Neste caso, o Euro. Nos tais programas-da-manhã-destinados-a-domésticas-reformados-e-desocupados tenho visto de tudo. É decadente. Não sei como é que há gente que tem lata para fazer músicas tão reles e ainda interpretá-las com os seus rostos infelizes na televisão.
Fala-se muito mal da música pimba, mas convenhamos... dentro desse género há músicos a sério. É um género popular, como os outros. E, sem a música ligeira, os tradicionais bailaricos à portuguesa não sobrevivem. Os cantores pimba têm o seu mérito.
Agora estes pumbas...
No outro dia, duas moças cantavam um tema - não me lembro do título nem da melodia, mas estão a ver o tipo... o mesmo compasso de sempre, o mesmo ritmo, os mesmos acordes - que dizia qualquer coisa assim: Toda a gente grita pela sua côr/ Toda a gente grita pelo seu emblema / E o resultado nunca é um dilema.
...
MAS QUE TRAMPA É ESTA? "O resultado nunca é um dilema"? Que raio quer isto dizer? Rimar só por rimar? Ó meus amigos... Até o Busta Ryhmes faz mais sentido do que isto.
Depois as músicas são foleiras como tudo, nada criativas; as pessoas fazem um figurão em público... No outro dia estava um homem com uma enorme peruca verde a cantar "o Algarve Está Com a Selecção", ou coisa que o valha. Hoje até ouvi um fado dedicado ao Figo. Um fadinho muito mau e mal cantado. Então o fado está à beira de entrar no rol do património cultural universal e ainda fazem estas coisas para o desvalorizar?

Bolas, já bastam o "menos ais, menos ais" e a Nelly Furtado a cantar um refrão em português (?) que só há umas duas semanas consegui perceber o que diz... Talvez eu seja muito mouca, mas no último SBSR também pude constatar que a moça, por mais que se esforce, não pesca muito de português. Mas pronto, é boa rapariga, tem orgulho nas suas gentes.
Só que levar com isto e com pumbas é demais para o meu sistema.

A principal questão que me suscita é esta: Será que isto dá algum lucro? Esta gente que apareceu do nada vai continuar a existir no panorama musical quando terminar o Euro? Haverá alguém que compra isto? Ou só eu é que tenho um gosto musical muito esquisito?

Eu sei, é mais do que uma questão, mas a Lu é mesmo assim. Bear with me.

Não estou em mim

O tempo: custa a passar, nunca mais chega o final da tarde...
Lu está: fora de si

Já repararam que agora a Lu até fala de futebol e de... (gulp) política? Assuntos que antes eram tabu no meu vocabulário?
Das duas uma, ou o cenário político e desportivo está a ficar deprimente...
... ou a Lu é que está a sair da sua doce e característica depressão.
Ou não.
Lu está: com muito calor

Dia de jogo.
O País vai parar. Valha-nos S. Pedro.

Será a Laranja Mecânica muito azeda para os Tugas?
Ou irá o jogo resultar numa doce laranjada?

Vamos lá, rapazes, quero ver a selecção sair do jogo cheia de Vitamina C! Vão precisar dela na final... ou não.

I smell something fishy...

O tempo: noite muito quente
Lu está: comme d'habitude...

Então o Cherne vai-se embora...
Não sei se devo ficar contente ou preocupada. Por um lado, é menos um palhaço a invadir-nos a pantalha todos os dias. Não estou a querer falar mal do Governo ou da coligação. Eu simplesmente acho que o nosso PM é um moron.
Por esse mesmo motivo, um homem desses a chefiar a Comissão Europeia não me cheira nada bem. Eu nunca apreciei o cheiro do peixe, anyway.
Depois, colocam-se as hipóteses de nomear um novo Primeiro, o Santana Flops - com mil borgas, entre um e outro venha o Mafarrico e escolha - ou de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas. Qual das duas a melhor (ou pior)? De uma forma ou de outra, força-se o país a entrar numa crise política da qual já estava a sair... ou não. "Crise de partidos", crise dos partidos... isto faz-me lembrar um trabalho académico feito há muitos miaus atrás... Ciência e Teoria Política. How interesting...
Aaaanyway, um novo Primeiro nomeado pelo próprio Cherne significa quebrar com o voto de confiança dado pelos portugueses nas últimas legislativas. A própria saída do Cherne já quebra o contrato estabelecido com a maioria absoluta dos eleitores, visto que o "combinado" era ficar 4 anos no poder. Além do mais, está-se a melindrar a autoridade do nosso Presi. Afinal, é ele o Chefe de Estado; ele é que deveria tomar as decisões em situações como esta.
Por outro lado, se houver mesmo eleições antecipadas, acho que a coligação vai ter uma desagradável surpresa... ou não. É certo que a rígida política económica imposta pelo Governo que tomou posse há dois anos começa timidamente a mostrar os seus frutos, mas um país não é apenas feito das suas políticas económicas, thank God. Acho no cômputo geral, muitos portugueses levaram um murro na barriga quando perceberam o que é que os rapazes planeavam fazer. Serão as possíveis eleições antecipadas a hora de retribuir esse murro na barriga? As eleições para o Parlamento Europeu já foram uma grande surpresa para a Coligação Azul-Laranja...
Either way, a mudança imposta pela saída do Cherne vai trazer mais uma sensação de carrossel no ambiente político nacional. Fartos de mudanças radicais estamos todos nós, acho eu. Pace, per favore! Seja o que for, mude-se para melhor e sem demoras.

O que é engraçado ver nisto tudo é o diz-que-disse que corre pelos media. Primeiro, anunciam o Cherne como o novo presidente da CE, mas ele diz que não é sequer um candidato; o Presi diz que o povo fala como se esquecesse que ele é que é o "Prlesidente"... da República, portanto, ele é que manda e dias depois aí está a notícia (que já não era notícia) de que o PM ia mesmo embora...

República das Bananas? Quem falou disso, Rizzo? ;)

6/28/2004

Ainda a propósito de Eu(ro)foria...

Eis umas palavras do Pe. Manuel Soares, um padre que conheço. Um homem porreiro que alguns dizem ter um pirolito a menos (haverá alguém que os possua a todos?), mas que tem dois dedos de testa.

Quando um assunto está "na berra", como se costuma dizer, isto é, um tema que toda a gente fala e comenta, não vale a pena voltar a comentar nem acrescentar mais considerações a tantas coisas que foram ditas. Mas desta vez faz-se excepção e também esta página toca no assunto.
A exaltação patriótica, direi mesmo, loucura colectiva de orgulho nacional atinge, neste momento, alturas a que não se tinha ainda assistido. Somos, na verdade, capazes de tudo. Lembro-me, na época imediatamente anterior à independência de Timor, de uma solidariedade nacional extremamente forte e determinada que foi capaz de mover montanhas e alcançar resultados magníficos. Lembro-me igualmente da sensação de alívio colectivo trazido pelo 25 de Abril que teve a sua manifestação mais alta no famoso 1º de Maio de 1974, em que toda a exaltação patriótica de esperança e unidade fez vibrar todo o país em uníssono. Também agora o entusiasmo contagiante não admite excepção nem indiferentes: as costumadas guerrilhas de norte contra o sul, do litoral em oposição ao interior, dos políticos entre si ou dos empregados contra os empregadores, as rivalidades entre clubes azuis, encarnados ou verdes, todas essas guerras estão perfeitamente em tréguas perante a cobertura da bandeira nacional desfraldada em todas as casas e esvoaçando em todos os carros.
Com o país de olhos postos naqueles rapazes idolados, coroados de fama, é impressionante esta unanimidade e solidariedade de sentimentos que atinge pessoas que confessam não apreciar futebol e até detestá-lo. É impressionante um povo e uma comunicação social que, no país ou no estrangeiro, passa a vida a criticar tudo o que é português, o Estado, a saúde, a justiça, o atraso social e que realça a cada instante o lugar de cauda em que nos situamos em todos os aspectos, agora dá pulos de brio, de vaidade, de altivez, de força coesa, que parece estarmos noutra terra e com gente diferente.
Tudo isto deixa-nos perguntas: que é necessário, quais as condições para elevar a nossa auto-estima nacional? Que motivações precisamos para criar uma solidariedade forte? Que razões podem exaltar o nosso orgulho e fazer-nos sair do pessimismo em que quase sempre andamos mergulhados? Que nos levará a trabalhar(!!!) em conjunto para melhorar o nível de todos?

Eu(ro)foria

O tempo: hot, hot!
Lu está: serena, apesar de tudo. MESMO TUDO



Ora aí está todo o País levado ao rubro com os bons resultados da selecção Portuguesa no Euro 2004. Todos festejam, exibem as suas bandeiras; para muitos, Portugal já está na final.
Eu cá acho que é preciso sossegar o pito. Ainda falta um duro jogo contra a Holanda (mesmo sabendo-a muito mais fraca do que o habitual). Acima de tudo, é só futebol, caramba!
Serenidade, meu povo, é o que vos falta. O futebol é uma festa, um "espectáculo", mas não façamos dele uma religião. Para falsos ídolos já nos bastam o dinheiro, o poder, a fama...
E quer venhamos a ser campeões, quer não, "Portugal já ganhou", como diz o outro. Turismo, visibilidade a nível mundial, infraestruturas... Acho que se provou que não cabemos apenas nas estatísticas negativas.

Mas pronto, acho bonito ver as bandeiras nas janelas, nos carros, nas montras; ver as insígnias de Portugal nas camisolas, nos chapéus. Nos EUA, um país historicamente mais pobre do que Portugal, toda a gente põe a bandeira nacional em casa, no 4 de Julho. Quantas bandeiras de Portugal vemos no dia 10 de Junho?
Parece que as pessoas se lembraram que há cores que faz mais sentido usar do que o azul-vermelho-branco de tanto merchandising que vem dos EUA e Reino Unido. Porque é que o português gosta tanto de usar símbolos de outros países? Porque será que uma tee com bandeira dos States sempre foi fashion e só agora é que pegou a moda da roupa à tuga? Curioso como os anglicismos sempre abrangeram muito mais do que o vocabulário, não? E contra mim falo, porque em termos de léxico, mais anglified do que eu não há, babe!

Continuem, pois a fazer festa, mas com juízo. Apoiem a selecção, que bem precisa. Mostrem as vossas bandeiras, desde que não sejam essas de origem duvidosa, que chegam a envergonhar. Tipo aquelas da loja do chinês que dizem "UEFA Euro 2004". ESSAS ESTÃO AO CONTRÁRIO, já repararam? Ordem das cores invertida, brasão de cabeça para baixo, castelos transformados numa espécie de estranhos seres alienígenas... Vê-se com cada trapalhada por aí... é um ultraje. Eu não sou nada dessas coisas de patriotismo ou nacionalismo. Acho conceitos para pessoas com uma mente demasiado estreita para perceber que acima de tudo devemos estimar a Humanidade e o Planeta que lhe foi confiado. Eu não sou propriamente patriota. Também não sou apátrida. Sou simplesmente cosmopolita. Home is where we make it. Amo a terra onde vivo. Aqui ou no Reino de Tonga, brincar com símbolos nacionais é muito mau. É crime. Por isso tenham lá mais atenção nas bandeiras que compram.

E VIVA PORTUGAL!