Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

5/30/2004

Hoje tive a sensação de voltar imensos anos atrás. De regressar à infância. Os fins-de-semana com a família têm destas coisas.
Sentei-me com a minha mãe na cozinha, ajudei-a a desascar uma saca de ervilhas. Não via ervilhas frescas há canos... Já estou tão habituada às congeladas. Sem perderem a qualidade, são tão mais práticas...
Pareceu-me voltar ao tempo em que eu tinha 5 anos e adorava sentar-me com a minha avó e o meu irmão a descascar ervilhas e feijões da horta do meu pai. Era um trabalho muito agradável e sentia-me deveras útil. Além disso, havia tempo para falar das mais diversas coisas enquanto se abriam as vagens e empurravam os grãos - que davam belas sopas e feijoadas - para dentro dos recipientes.
Hoje em dia, já não é um trabalho tão agradável e já não me sinto tão últil porque cresci e preenchi a minha vida de tantos outros trabalhos. Mais úteis?
Ainda assim, continua a dar azo a longas conversas, sobre os mais temas.
Por isso, abstraí-me das coisas que me fazem sentir mais útil e tentei recordar-me de como era agradável fazer aquilo quando era menina.
Desfiei um rosário de assuntos. Foi bom.

5/29/2004

O tempo: noites quentes, muito quentes...
Lu está: irresistivelmente nostálgica

Eu realmente não sei o que se passa comigo. Tenho tido a sorte de conseguir chamar a atenção dos maiores pães que se cruzam no meu caminho. Uma Amiga minha perguntou-se se eu terei algum odor especial. Na volta sou como as flores ou como as formigas. Talvez as minhas feromonas sejam o meu grande atractivo. Porque a julgar pela simpatia (a roçar a nulidade) e pelos dotes físicos (nada maus, mas também nada de extraordinário), não sou o protótipo da mulher atraente. Mas isso é discutível. Beauty is in the eye of the beholder.

5/27/2004

O tempo: céu limpo, noite fresca
Lu está:a precisar de chá

Esta noite faço directa.
Não na minha casa, no meu canto, no meu castelo.
Fico a trabalhar na redacção.
Que seca!
Maldito dia de fecho de edição...
E eu nem trouxe umas saquetas de chá para afugentar o sono...

5/26/2004

Cou Cou...

O tempo: chove-não-chove...
Lu está: com uma linda t-shirt da Maurícia... molhada e colada às mamas

Voltei. Não me perguntem o que aconteceu durante este hiato; eu só posso adiantar que aconteceu muita coisa. Muita coisa mesmo. Mudei. Mas continuo a mesma. Eu sei, não faz sentido.

O casamento de que tanto falei já aconteceu. Foi o que esperava. Ou talvez um pouco mais... Os pombinhos já voltaram da lua-de-mel - 10 dias de sonho numa ilha divina, algures no Índico. Trouxeram fotos lindas. As flores, os bichos, as paisagens... até o pôr-do-sol parece diferente naquela terra. Só me deu vontade de pegar na câmara e voltar a dedicar-me à fotografia. Se eu tivesse tempo...
Tive sobretudo "inveja" deles. O amor é mesmo uma coisa irritantemente bela, não é?

Entretanto, este fim-de-semana aconteceu mais um casamento, que foi ligeiramente mais badalado do que o do meu irmão. O do meu irmão só não foi transmitido nas televisões porque ele não é da realeza, senão...
Ora pasmou-me (embora não devesse pasmar) o excessivo mediatismo criado em torno de uma boda que em nada nos diz respeito. A dinastia Filipina já foi, amigos; entre 1640 e 2004 hoje já passaram 364 anos! Já não somos espanhóis!
Que tenham transmitido o casamento do Pipo de Borboto com a sua Lagartizia Hortinha até se entende. Mas todo o circo que montaram à volta do acontecimento foi demais.
Cheguei a casa e dei de caras com o casal a sair da catedral. Não vi a troca de votos e de alianças em directo, mas em compensação vi a repetição da cena tantas vezes que até tive sonhos com isso. How scary!
E a TVI foi o cúmulo. Alguém me sabe dizer o que é que a a Júlia Peixeira, a Felipa a Granel, o fulano monárquico e o costureiro (ou coisa que o valha) meio apanascado acrescentaram de novo ao evento... além dos seus infelizes rostos?
Notem o absurdo da conversa:
... Enquanto um louvava a resitência da maquilhagem da nova princesa, que ainda não tinha borrado...
... outro queixava-se de que era excessivamente neutra. Excessivamente neutra é a tua presença, meu anormal, que o teu coiro inútil não faz aí nada! Querias que a noiva fosse com os lábios pintados de escarlate?
... a Peixeira disse que era imperdoável o facto de princesa ter retocado os lábios ao sair do carro...
... Depois, o monárquico diz que a pobre Lagartizia ainda não faz como as rainhas. Não sabe acenar como uma monarca e cansa-se muito. Mas fazer adeus com a mão tem alguma coisa que saber? É tipo... fazer c*r*lhinhos com o dedo médio. Vão-me dizer que há alguma técnica específica? Agora é preciso tirar um curso para fazer uma porra de um adeus?
... a Peixeira ainda continuou com o seu discurso absurdo, pedindo a confirmação ao estilista de que a manga do vestido tinha sido propositadamente concebida para acenar. (Deve ser tipo aqueles soutiens para lactentes... ou mesmo aquelas cuecas com presilhas que nem é preciso tirar para dar uma. O design é isto: arte ao serviço da funcionalidade. Oh, puh-lease!)
... O costureirozeco assentiu e deu ainda azo a outra pergunta da Peixeira:
- Esta manga é lindíssima. Qual é o nome desta manga?
("Nome?? Olha, na volta é a Gertrudes da Villa, queres ver?" - pensei com os meus botões, que não têm nome)
- Sim, sim! Chama-se Manga de Pagode!
- Ah, isso é interessantíssimo...

Deveras! O Sr e a Sra Pagode deve estar super orgulhosos por ver a sua filha num casamento real. :|

Agora sem disparates, é para isto que param a televisão nacional? Não têm mais nada para mostrar? Nem um documentariozinho sobre animais, para nos instruirmos um pouco? Não quero desvirtuar a importância da Manga de Pagode na sociedade europeia do século XXI. Mas há outras coisas...
Vocês queriam era um atentadozito para terem um bom furo nos noticiários, né? Ai, media, media, que «curioso clã; vendeste a tua alma a Satã»... Porque é que me fui meter nesta vida? Felizmente, ainda estou a tempo de me destacar da engrenagem... antes de efectivamente entra nela...

E foi assim o fim-de-semana: só trampa na TV. Domingo à noite, ou levas com os Batanetes na TVI ou mudas para a SIC e levas com a nova incursão no pântano televisivo da estação de Carnaxide: "Maré Alta". Uma estranha mescla do Barco do Amor (um navio de cruzeiro) com os Malucos do Riso (piadas... sem piada) e a revista Penthouse (modelos descascadas que só lá estão para esse mesmo efeito). Com esta onda é que meteram água a sério.
Na televisão pública dava um concurso de burros, para burros... E não vasculhei o resto. Saí da frente da pantalha, porque já não estou habituada a isto. Depois de tanto tempo, estas cenas já me chocam.

Dancing in the rain

The other day it rained cats and dogs. After a few days of an unsual heat that only the months of Summer like to offer, it rained.
With thunders and all...
The temperature kept high, though. And it was surprisingly pleasant to walk in the rain, being compulsively, yet gently kissed by the heavenly water. The raindrops over me had a cooling and relaxing effect on my body and soul. Like if it was washing my sorrows away. I don't know which sorrows, but I felt like being purified.
I found myself glowing of warmth, after a tiring Dance class, where once again I had been sharing the gifts with with I have been blessed by Terpsichore. I was content, I was proud and not even the cold raindrops could decrease my aura.
My clothes got all wet and stuck to my skin, slightly revealing my thin body. So fragile. So strong. So light. So heavy. So odd. So beautiful.
I beholded the lightnings in the sky once more. I smiled. I had to give my best face, for the Gods were taking pictures of me.

Yes, I am happy. Someone who came to assess my performance said that I am unique. And nothing makes me happier than this: being recognized for my work, showing quality on what I most love to do.
And I love doing this...