Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

5/26/2004

Cou Cou...

O tempo: chove-não-chove...
Lu está: com uma linda t-shirt da Maurícia... molhada e colada às mamas

Voltei. Não me perguntem o que aconteceu durante este hiato; eu só posso adiantar que aconteceu muita coisa. Muita coisa mesmo. Mudei. Mas continuo a mesma. Eu sei, não faz sentido.

O casamento de que tanto falei já aconteceu. Foi o que esperava. Ou talvez um pouco mais... Os pombinhos já voltaram da lua-de-mel - 10 dias de sonho numa ilha divina, algures no Índico. Trouxeram fotos lindas. As flores, os bichos, as paisagens... até o pôr-do-sol parece diferente naquela terra. Só me deu vontade de pegar na câmara e voltar a dedicar-me à fotografia. Se eu tivesse tempo...
Tive sobretudo "inveja" deles. O amor é mesmo uma coisa irritantemente bela, não é?

Entretanto, este fim-de-semana aconteceu mais um casamento, que foi ligeiramente mais badalado do que o do meu irmão. O do meu irmão só não foi transmitido nas televisões porque ele não é da realeza, senão...
Ora pasmou-me (embora não devesse pasmar) o excessivo mediatismo criado em torno de uma boda que em nada nos diz respeito. A dinastia Filipina já foi, amigos; entre 1640 e 2004 hoje já passaram 364 anos! Já não somos espanhóis!
Que tenham transmitido o casamento do Pipo de Borboto com a sua Lagartizia Hortinha até se entende. Mas todo o circo que montaram à volta do acontecimento foi demais.
Cheguei a casa e dei de caras com o casal a sair da catedral. Não vi a troca de votos e de alianças em directo, mas em compensação vi a repetição da cena tantas vezes que até tive sonhos com isso. How scary!
E a TVI foi o cúmulo. Alguém me sabe dizer o que é que a a Júlia Peixeira, a Felipa a Granel, o fulano monárquico e o costureiro (ou coisa que o valha) meio apanascado acrescentaram de novo ao evento... além dos seus infelizes rostos?
Notem o absurdo da conversa:
... Enquanto um louvava a resitência da maquilhagem da nova princesa, que ainda não tinha borrado...
... outro queixava-se de que era excessivamente neutra. Excessivamente neutra é a tua presença, meu anormal, que o teu coiro inútil não faz aí nada! Querias que a noiva fosse com os lábios pintados de escarlate?
... a Peixeira disse que era imperdoável o facto de princesa ter retocado os lábios ao sair do carro...
... Depois, o monárquico diz que a pobre Lagartizia ainda não faz como as rainhas. Não sabe acenar como uma monarca e cansa-se muito. Mas fazer adeus com a mão tem alguma coisa que saber? É tipo... fazer c*r*lhinhos com o dedo médio. Vão-me dizer que há alguma técnica específica? Agora é preciso tirar um curso para fazer uma porra de um adeus?
... a Peixeira ainda continuou com o seu discurso absurdo, pedindo a confirmação ao estilista de que a manga do vestido tinha sido propositadamente concebida para acenar. (Deve ser tipo aqueles soutiens para lactentes... ou mesmo aquelas cuecas com presilhas que nem é preciso tirar para dar uma. O design é isto: arte ao serviço da funcionalidade. Oh, puh-lease!)
... O costureirozeco assentiu e deu ainda azo a outra pergunta da Peixeira:
- Esta manga é lindíssima. Qual é o nome desta manga?
("Nome?? Olha, na volta é a Gertrudes da Villa, queres ver?" - pensei com os meus botões, que não têm nome)
- Sim, sim! Chama-se Manga de Pagode!
- Ah, isso é interessantíssimo...

Deveras! O Sr e a Sra Pagode deve estar super orgulhosos por ver a sua filha num casamento real. :|

Agora sem disparates, é para isto que param a televisão nacional? Não têm mais nada para mostrar? Nem um documentariozinho sobre animais, para nos instruirmos um pouco? Não quero desvirtuar a importância da Manga de Pagode na sociedade europeia do século XXI. Mas há outras coisas...
Vocês queriam era um atentadozito para terem um bom furo nos noticiários, né? Ai, media, media, que «curioso clã; vendeste a tua alma a Satã»... Porque é que me fui meter nesta vida? Felizmente, ainda estou a tempo de me destacar da engrenagem... antes de efectivamente entra nela...

E foi assim o fim-de-semana: só trampa na TV. Domingo à noite, ou levas com os Batanetes na TVI ou mudas para a SIC e levas com a nova incursão no pântano televisivo da estação de Carnaxide: "Maré Alta". Uma estranha mescla do Barco do Amor (um navio de cruzeiro) com os Malucos do Riso (piadas... sem piada) e a revista Penthouse (modelos descascadas que só lá estão para esse mesmo efeito). Com esta onda é que meteram água a sério.
Na televisão pública dava um concurso de burros, para burros... E não vasculhei o resto. Saí da frente da pantalha, porque já não estou habituada a isto. Depois de tanto tempo, estas cenas já me chocam.