Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

2/16/2004

AMOR VITA EST

O tempo: ...
Lu está: à procura do Amor

Devia estar a dormir, porque tenho de me levantar cedíssimo.
Mas não tenho sono e estou para aqui a pensar e a escrever coisas irrelevantes.

O Aluno da Academia Militar é irrepreensivelmente honesto em todos os actos da sua vida, não faltando jamais à verdade nem procurando obter por meios condenáveis aquilo a que não tem direito ou que não pode conseguir à custa do seu próprio esforço. (do Código de Honra da Academia Militar)

Não sei porquê, achei isto tão irónico... Bem, por acaso até sei, mas não me apetece desenvolver.


Na Academia Militar, os cadetes têm uma divisa, que roubaram a Quinto Horácio Flaco, numa das suas Odes: DVLCIS ET DECORVM EST PRO PATRIA MORI

Horácio, sabes que sempre gostei de traduzir as tuas odes, entendo-te nos teus ideais da "aurea mediocritas" e do "carpe diem"; até gostava de ser Leocónoe ou a tua Lydia, para me ensinares a amar os rios e as flores e as pequenas coisas que nos fazem felizes hoje, em vez de me preocupar com os medos e as paixões violentas do amanhã... mas devo dizer que discordo dessa tua frase.
Morrer pela pátria? Mas o que é a pátria? O que representa? Que faz ela por mim? O que é ela na minha vida e o que sou eu nela?
A minha pátria é o Cosmos e só me preocupo em viver em harmonia com ele.

Tomo a liberdade de adulterar a afirmação e dizer: DVLCIS ET DECORVM EST PRO AMORE MORI.
Quão mais doce e digno é dar a vida pelo Amor! Viver do, pelo, para, no Amor.
O Amor sim, dá-nos imenso. Enche-nos de vida e felicidade; torna-nos pessoas melhores; transforma-nos por dentro e até por fora.

Acho que era isso que me apetecia neste momento. Ter um amor tão grande que até doesse de tanta felicidade. Amar de forma tão forte e arrebatadora, a ponto de isso ser superior à vida, à morte.
Não, não sou epicurista, nem tampouco estóica. Não me preocupam tanto as paixões que Horácio que ensinou a evitar. São elas que me fazem sentir viva.
(...) o amor é forte como a morte, a paixão é violenta como o sepulcro, os seus ardores são chamas de fogo, os seus fogos são fogos do Senhor. As muitas águas não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir (Cant. 7, 6-7)
É esta força bruta como torrentes e vulcões e tempestades que eu admiro. É esta energia sob a forma de sentimento que eu anelo ter.

Gosto da vida que tenho, que, apesar de tudo, é despreocupada e amena, repleta de pequenos prazeres que lhe dão côr. Não me posso queixar.
Mas talvez por ser amena me pareça incompleta, ténue...
Queria algo que me fizesse sentir plena, grande, especial. Nada de paixonetas fugazes. Por isso é que não estou preocupada com o facto de elas acontecerem ou não. Aconteçam ou não, são sempre fugazes, passageiras.
O Amor não.

Vejo o Amor ao meu redor, onde quer que olhe e não o conheço. Queria capturá-lo, apreender a sua essência e com ela transformar-me. Queria que entrasse em mim e eu nele para nunca mais me perder...

Será normal pensar assim nesta fase? Será demais desejar o que desejo?
Estarei louca? Será isto um mero devaneio romântico?