"Bye bye blackbird"
O tempo: sunny day, pretty night
Lu está: ociosa, nostálgica, saudosa, confusa, ansiosa... uma porrada de coisas
Ontem estive com ele.
O P.C. apareceu-me fresquinho e com um óptimo aspecto. Bolas, soube mesmo bem abraçá-lo de novo! Haverá coisa melhor que ter uma safira encostadinha ao meu peito?
Almocei com ele e com a amiga, uma rapariga muito simpática. Conversámos bastante sobre os mundos que o P.C. guarda no seu pensamento e os que ainda pretende percorrer. Tive momentos em que me perdi. Estava constantemente a pensar que os mundos que fazem os seus olhos brilhar são tão maiores do que o meu... E eu sou tão Pequenina (sim, em ambos os sentidos, bebé!) diante dele.
O tempo passou muito rápido e o dever chamava-me. Tive de ir trabalhar.
Ontem, tivémos aula de voz com um professor... bem, eu costumo encontrar adjectivos para tudo e todos, mas para esta personagem não encontro nenhum que lhe faça jus.
Estão a ver o Nuno Guerreiro, da Ala dos Namorados? Ok, a voz dele... coloquem-na num gajo com ar de alemão (tipo loiro, olhos azuis, mas giro) e bem mais simpático. É esse o meu professor.
Caramba, fez-me puxar pela voz como já não puxava há algum tempo. E perceber que por mais talento que tenha, ainda tenho de trabalhar imenso para ser uma artista de mão-cheia - para representar, cantar e dançar naquele palco - satisfeita com o meu próprio trabalho.
Estamos em fase de "desconstrução" e reconstrução, o que é uma carga de trabalhos, pois um bordão artístico é tão difícil de largar como outro vício qualquer.
Em compensação, há boas perspectivas. Mais espectáculos marcados, mais datas, mais sítios e públicos diferentes. Mais trabalho. É sempre bom; trabalhar naquilo de que gosto é tudo o que quero. Quase tudo...
Depois do ensaio, fui ter com o P.C. e os amigos. Jantámos e eu senti-me ainda mais deslocada. Eram todos muito simpáticos e hospitaleiros, mas já sabem como sou... ok, não sabem. Mas eu nunca me sinto facilmente integrada num grupo. Além do mais, pensei imenso na infinidade de pessoas e lugares a quem o P.C. pertence. Estar com ele, seja eu ou outro qualquer, significa sempre ter de partilhá-lo com outras pessoas, encolhermo-nos para dar espaço às suas asas, que são tão largas. Sim, sou um pouco possessiva em relação às pessoas de quem gosto. Mas é tão bonito vê-lo a falar dos seus voos. É tão bonito vê-lo voar! O mundo é muito pequeno para ele e eu sou muito pequena para o seu mundo. Ele tem necessidade de conhecer os mundos que lhe são alheios. Eu tenho medo até de abrir os olhos para observá-los.
Somos muito diferentes, nesse aspecto.
Mas também, há alguém neste mundo igual a mim?
O P.C. merece voar e ser tão grande quanto é. *frase estranha, mas faz muito sentido para mim*
Merece e precisa de estar com pássaros tão livres e tão sonhadores quanto ele. Pássaros que tenham asas de uma dimensão e de uma consistência semelhante à sua.
Não tem de ficar preso a aves raras, que embora tenham o encanto do exotismo, são demasiado frágeis e complicadas.
Ele vai-se embora muito em breve. E eu nem me despedi decentemente. Não disse as coisas que queria - devia - ter dito.
Pensei antes nas coisas que tinha para fazer e que me prendem à minha vida pequenina e corri.
Mais tarde, senti um grande aperto, cá dentro. Pensar que ele vai passar largos meses onde a terra tem outro cheiro e o sol tem outra côr deu-me a sensação de que a separação era definitiva.
A minha saudade não aumenta tanto com o tempo quanto aumenta com a distância. Acho que é a distância que me faz pensar assim, talvez sem fundamento nenhum.
Olhei para a fotografia que ele me deu, que está fofa como só ele sabe ser. Um beijo perpetuado em papel, a evidenciar aqueles lábios salientes e engraçadíssimos.
Li, mais uma vez, a sua dedicatória que escreveu nas costas da foto:
Por mais voltas que o mundo dê, por mais lugares e tempos que nos apanhem por aí, os meus lábios estarão sempre presentes, para te dar um beijo eterno. Gosto muito de ti, minha Pequenina. P.C.
Porque é que me custa acreditar nisto?
Estava, há pouco, a ler o comentário que ele fez ao post que lhe dediquei.
Já tens saudades antes de ele partir, não é? - dizia-me uma colega hoje.
É isso. Tenho saudades de uma pessoa que ainda não partiu. E atrevo-me a cair no cliché de dizer que tenho saudades do que nunca tive.
Obrigada pelo teu amor, P.C.. Faz-me um bem que não imaginas e faz-me sentir mesmo especial. Quase tanto quanto tu és.
Vai, corre para o teu sonho como eu corri para aquele comboio - que apanhei! - e sê muito, muito feliz, passarinho.
Pus a tua foto no meu placard. Já não está tão vazio. Tem umas asas tão grandes que quase não deixam espaço para mais.
Música para agora: "Bye bye blackbird" (Henderson), performed by Miles Davis
Lu está: ociosa, nostálgica, saudosa, confusa, ansiosa... uma porrada de coisas
Ontem estive com ele.
O P.C. apareceu-me fresquinho e com um óptimo aspecto. Bolas, soube mesmo bem abraçá-lo de novo! Haverá coisa melhor que ter uma safira encostadinha ao meu peito?
Almocei com ele e com a amiga, uma rapariga muito simpática. Conversámos bastante sobre os mundos que o P.C. guarda no seu pensamento e os que ainda pretende percorrer. Tive momentos em que me perdi. Estava constantemente a pensar que os mundos que fazem os seus olhos brilhar são tão maiores do que o meu... E eu sou tão Pequenina (sim, em ambos os sentidos, bebé!) diante dele.
O tempo passou muito rápido e o dever chamava-me. Tive de ir trabalhar.
Ontem, tivémos aula de voz com um professor... bem, eu costumo encontrar adjectivos para tudo e todos, mas para esta personagem não encontro nenhum que lhe faça jus.
Estão a ver o Nuno Guerreiro, da Ala dos Namorados? Ok, a voz dele... coloquem-na num gajo com ar de alemão (tipo loiro, olhos azuis, mas giro) e bem mais simpático. É esse o meu professor.
Caramba, fez-me puxar pela voz como já não puxava há algum tempo. E perceber que por mais talento que tenha, ainda tenho de trabalhar imenso para ser uma artista de mão-cheia - para representar, cantar e dançar naquele palco - satisfeita com o meu próprio trabalho.
Estamos em fase de "desconstrução" e reconstrução, o que é uma carga de trabalhos, pois um bordão artístico é tão difícil de largar como outro vício qualquer.
Em compensação, há boas perspectivas. Mais espectáculos marcados, mais datas, mais sítios e públicos diferentes. Mais trabalho. É sempre bom; trabalhar naquilo de que gosto é tudo o que quero. Quase tudo...
Depois do ensaio, fui ter com o P.C. e os amigos. Jantámos e eu senti-me ainda mais deslocada. Eram todos muito simpáticos e hospitaleiros, mas já sabem como sou... ok, não sabem. Mas eu nunca me sinto facilmente integrada num grupo. Além do mais, pensei imenso na infinidade de pessoas e lugares a quem o P.C. pertence. Estar com ele, seja eu ou outro qualquer, significa sempre ter de partilhá-lo com outras pessoas, encolhermo-nos para dar espaço às suas asas, que são tão largas. Sim, sou um pouco possessiva em relação às pessoas de quem gosto. Mas é tão bonito vê-lo a falar dos seus voos. É tão bonito vê-lo voar! O mundo é muito pequeno para ele e eu sou muito pequena para o seu mundo. Ele tem necessidade de conhecer os mundos que lhe são alheios. Eu tenho medo até de abrir os olhos para observá-los.
Somos muito diferentes, nesse aspecto.
Mas também, há alguém neste mundo igual a mim?
O P.C. merece voar e ser tão grande quanto é. *frase estranha, mas faz muito sentido para mim*
Merece e precisa de estar com pássaros tão livres e tão sonhadores quanto ele. Pássaros que tenham asas de uma dimensão e de uma consistência semelhante à sua.
Não tem de ficar preso a aves raras, que embora tenham o encanto do exotismo, são demasiado frágeis e complicadas.
Ele vai-se embora muito em breve. E eu nem me despedi decentemente. Não disse as coisas que queria - devia - ter dito.
Pensei antes nas coisas que tinha para fazer e que me prendem à minha vida pequenina e corri.
Mais tarde, senti um grande aperto, cá dentro. Pensar que ele vai passar largos meses onde a terra tem outro cheiro e o sol tem outra côr deu-me a sensação de que a separação era definitiva.
A minha saudade não aumenta tanto com o tempo quanto aumenta com a distância. Acho que é a distância que me faz pensar assim, talvez sem fundamento nenhum.
Olhei para a fotografia que ele me deu, que está fofa como só ele sabe ser. Um beijo perpetuado em papel, a evidenciar aqueles lábios salientes e engraçadíssimos.
Li, mais uma vez, a sua dedicatória que escreveu nas costas da foto:
Por mais voltas que o mundo dê, por mais lugares e tempos que nos apanhem por aí, os meus lábios estarão sempre presentes, para te dar um beijo eterno. Gosto muito de ti, minha Pequenina. P.C.
Porque é que me custa acreditar nisto?
Estava, há pouco, a ler o comentário que ele fez ao post que lhe dediquei.
Já tens saudades antes de ele partir, não é? - dizia-me uma colega hoje.
É isso. Tenho saudades de uma pessoa que ainda não partiu. E atrevo-me a cair no cliché de dizer que tenho saudades do que nunca tive.
Obrigada pelo teu amor, P.C.. Faz-me um bem que não imaginas e faz-me sentir mesmo especial. Quase tanto quanto tu és.
Vai, corre para o teu sonho como eu corri para aquele comboio - que apanhei! - e sê muito, muito feliz, passarinho.
Pus a tua foto no meu placard. Já não está tão vazio. Tem umas asas tão grandes que quase não deixam espaço para mais.
Música para agora: "Bye bye blackbird" (Henderson), performed by Miles Davis
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