Sweet Depression

É doce, é uma pressão constante... O blog de uma artista cronicamente deprimida... ou simplesmente deprimente. The blog of a depressive and depressing artist.

7/07/2004

Esquemas no Olimpo

O tempo: calor lá fora, mas o maldito ar condicionado pôs a sala gelada
Lu está: sem net

Eu sei que já vou um pouco tarde e não vou acresentar nada de novo a tudo o que já foi dito... Falo da final do Euro. Mas também tenho uma opinião. E este blogginho está aqui para isso. A Lu tem estado sem net em casa e está a escrever-vos de um computador público.
Ok, foi uma pena não nos termos sagrado campeões. Mas também não foi nenhuma tragédia grega. Se não tivéssemos sequer passado às meias finais, ficariam assim tão desolados? Ficámos em 2º lugar, o que já foi muito bom. Do jogo de abertura até à final, toda a gente ouviu falar da selecção portuguesa, que jogou muito bem em todo a competição. Portugal andou na boca do mundo.
Mas claro, até para mim, que não sou nada exacerbada em paixões desportivas, patrióticas e afins, a derrota de Domingo passado teve um sabor amargo. É frustrante perder logo a um passo de ser campeão. Ainda por cima contra os gregos. O Euro foi mesmo um ciclo, começando e terminando da mesma forma. Acho que mais valia termos jogado e perdido contra a República Checa, uma selecção muito mais temerária, com mais atitude de ataque e melhor movimentação em campo. Pelo menos teríamos perdido com uma equipa realmente boa. Agora os gregos... Mas uma coisa é certa: a sua defesa é de se lhe tirar o chapéu. Acho que os Gregos aprenderam bem desde a guerra de Tróia. Basta apertar bem o cerco e ser astuto: a vitória está garantida, mesmo que demore. Neste caso, nem foi preciso haver prolongamento...
Tive imensa pena do benjamim da selecção. Acho que ninguém vai esquecer as lágrimas do Cristiano Ronaldo. Não se podia esperar outra reacção do puto, não é? Os miúdos ficam sempre assim quando perdem :). O Ronaldo ainda tem esperanças de ganhar um campeonato europeu ou até mesmo mundial. É novinho, tem muitos anos de selecção pela frente. Mas para jogadores como o Rui Costa, que fez o seu último jogo a representar Portugal, foi uma triste forma de se despedir destas andanças.
Na segunda-feira, às 13 horas, a primeira coisa que fiz foi ligar a TVI. Tinha de ver que volta é que eles iriam dar para causar sensação. O noticiário começou sem palavras, com uma música deprimente e imagens dos rostos chorosos dos jogadores. Não esperava nada de muito bom, mas também não esperava nada assim tão mau. É mesmo à TVI, a estação dos coitadinhos e dos piegas. Têm sempre de pegar pela ponta da desgraça. Até parece que Portugal não chegou à final, que nenhum dos seus jogadores figurou entre os melhores do Euro ou que a própria organização foi um êxito. Podiam começar com algo que apelasse mais ao nosso orgulho, não? Não, pegam e espetam com uma imagem que quase leva a crer que fomos os desgraçados do Euro.

Duas coisas que me deixaram admirada durante o jogo:
A inesperada incursão de um adepto do Barça na baliza onde nem 11 portugueses conseguiram meter uma pequena bola. O que é que aconteceu às tão bem organizadas forças de segurança? Deixam um homem entrar em campo assim? Acho que até os polícias e stuarts estavam hipnotizados...
Mais alguém reparou que o povo português estava muito menos entusiasmado no Domingo? No estádio só se ouvia a voz dos gregos. Eram 15 mil contra a grande maioria portuguesa. Durante todo o jogo ouviu-se "Helad, Helad", mas pouco "Portugal, Portugal". A certa altura, mesmo antes de ser marcado o golo da Grécia, toda a gente parece ter parado e as vozes gregas abafavam tudo. Pareceu-me geral. Até nas imagens das multidões que assistiram ao jogo noutros pontos do país, as pessoas pareciam apáticas, perplexas. Parece que, durante momentos, os portugueses estiveram sob uma espécie de encantamento. Coisa estranha. O meu pai diz, jocosamente, que foram "os deuses do Olimpo". Se vivêssemos na Antiguidade, haveria mesmo muita gente a crer que tinha sido Zeus e companhia a proteger os gregos. Eu conheço uma pessoa, um pseudo-herói que vive do outro lado do rio, que é capaz de acreditar nisso...

Hoje não vou rever o texto. São horas de almoçar e tenho de me pôr a andar. Até à próxima posta.